quarta-feira, 18 de maio de 2011

“Por volta da meia noite, em minha casa;
A vizinhança era tranqüila;
Eu estava só e pensativo, tranquei-me em meu quarto.
Olhei pelas vidraças transparentes da janela;
A chuva caia lá fora...
E um lobo, vagabundo e solitário, dobrava as esquinas da vida.
Meu olhar atônito e perdido vagueava a procura do olhar triste do lobo que rapidamente sumiu na neblina.
Então percebi que, um lobo solitário havia em meu coração; talvez um coiote, ou uma raposa desinquieta que me incomodava...
Então me sentei ao piano no quarto, e comecei a dedilhar uma melodia tenra e melancólica, em memória aos desfeches do coração, e os laços da vida.
A melodia enchia o quarto e se excedia ao lado de fora e se embalava ao vento...
...E o vento, amante do frio, embalava aos ouvidos da noite que por sua vez, sussurrava ao vasto mar.
E no quarto... O cintilar do piano à meia-luz, fazia parecer que meus dedos dançavam sobre as teclas que libertavam a melodia.
E o lobo estava a vagar por minha memória silenciosa.
Em cada nota, ressurgia o olhar vago e molhado do lobo, perdido nas estradas da noite, do frio, da solidão e da fome.
E o respirar quente e ofegante do lobo pelas ruas, se mesclava ao vento e se tornava frio demais indo de encontro ao som do piano;
E o vento parecia transpassar as vidraças da janela, invadindo o quarto ao encontro do sopro quente da minha respiração fundida por uma lágrima, ambos caíram na tecla e se esfriaram.

Nenhum comentário: